Eis a hora morta. Todos estão mortos.
Deus deixou de existir há muito,
Por isso os profetas do luxo
Agora cantam um Adão renovado
Satisfeito financeiramente.
O resto é dízimo.
Os artífices do novo paraíso pregam uma conta bancária obesa.
Nas ruas as procissões aumentam
E cada nicho grita sua presença.
Mas ainda estão em seus guetos e não sabem sair deles:
Negros racistas, gays racistas, religiosos homofóbicos e racistas,
Atores vivendo presos nos laboratórios masturbatórios.
Há os quintais ainda vazios
Sem a cerveja, o churrasco, os amigos...
Sem o esfrega gostoso que molha as cuecas e as calcinhas.
Mas não há fatalidades numa sociedade tão moderna.
Há os homens
Sempre chegando e atravessando suas pontes existenciais.
Na visão do romântico é o fim.
Mas todos querem o sucesso
E os homens-coisa clamam em si, por si mesmo.
O eu coletivo vazou suas próprias questões
E atravessou gerações individualizando-se ainda mais.
Danem-se os plantonistas da adequação também,
Pelados em seus banheiros com seus paus nas mãos
Arrancando à força o prazer solitário.
Por quê não compartilhá-lo?
Danem-se os preconceituosos vestidos.
Eis a hora nua. Todos deveriam estar nus.
Mas tudo é ainda o mesmo. Tudo é tão igual
Quanto já o foi.
Ainda queremos.
É tudo.
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