a morte passeia pelos corredores também,
não só dos hospitais,
das casas, das vilas
vielas e vias,
das manhãs e das noites.
porquê passeia por tudo
como a vida que passeia sem ser notada
pelos mesmos lugares e ainda outros.
as celebrações escondem a escuridão
já que brilham demais
mas o dia não é composto apenas da claridade.
lembro que disse há muito
que sempre haverá uma grande serpente
engolindo-se pelo próprio rabo,
como o infinito nada transgressor.
eis o único segredo
viva a morte
viva a vida.
É preciso mais que uma simples canção.É preciso sangue, suor e muita cerveja.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
meu livro de horas
eram horas azuis
aquelas em que esperei o vento soprar,
horas de encanto com o mundo.
a fantasia usada era branca
e os anjos desciam e punham-se
à volta do moribundo.
correria no corredor central
e nenhuma poesia viva
apenas os anjos em alvoroço tentanto salvar minha vida.
se eu fosse encenar o momento
não conseguiria maior realidade que esta
desenhada na minha cabeça,
por entre as horas luminosas do dia
azuis e com o vento soprando.
na enorme casa, cômodos dispostos
de acordo com a hora particular de cada um
todos os enfermos
mortos de medo
sem um sorriso sequer para amar.
a fantasia usada era branca
e eu de azul
cuspia salivando uma vontade desgraçada de fumar...
não morri. estou aqui para contar
no meu livro de horas.
aquelas em que esperei o vento soprar,
horas de encanto com o mundo.
a fantasia usada era branca
e os anjos desciam e punham-se
à volta do moribundo.
correria no corredor central
e nenhuma poesia viva
apenas os anjos em alvoroço tentanto salvar minha vida.
se eu fosse encenar o momento
não conseguiria maior realidade que esta
desenhada na minha cabeça,
por entre as horas luminosas do dia
azuis e com o vento soprando.
na enorme casa, cômodos dispostos
de acordo com a hora particular de cada um
todos os enfermos
mortos de medo
sem um sorriso sequer para amar.
a fantasia usada era branca
e eu de azul
cuspia salivando uma vontade desgraçada de fumar...
não morri. estou aqui para contar
no meu livro de horas.
sábado, 24 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
out
dormidos todos os pensamentos
na alcova
os quintais iluminados dançam felizes
a solidão da madrugada,
não durmo mais,
levito...
conto todas as estrelas
com a habilidade dos astrônomos
e retumbo dentro de minhas carnes.
os pensamentos são quimeras tristes
resultado de minha descrença na humanidade.
acordados no outro dia
nem sequer dormiram meus sentimentos.
e durante o dia são tolos
por não terem a paz do silêncio
que as estrelas, matematicamente dispostas
desenham em minha alma.
é hora de levantar e começar novos-velhos-cantos.
na alcova
os quintais iluminados dançam felizes
a solidão da madrugada,
não durmo mais,
levito...
conto todas as estrelas
com a habilidade dos astrônomos
e retumbo dentro de minhas carnes.
os pensamentos são quimeras tristes
resultado de minha descrença na humanidade.
acordados no outro dia
nem sequer dormiram meus sentimentos.
e durante o dia são tolos
por não terem a paz do silêncio
que as estrelas, matematicamente dispostas
desenham em minha alma.
é hora de levantar e começar novos-velhos-cantos.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
dos sem nome 2
sempre que compuser algo,
do nascimento à morte
continuarei errando
feito barco bêbado desancorado
à deriva...
inebriado de sabores tantos
corado, rubro sem tempo exato.
sílabas estranhas deslizarão
em notas diatonais.
não há centro para mim
mas piruetas indescritíveis
que passeiam entre mim e o mundo.
eu do mundo nada sei
de mim muito menos,
apenas o que jorra
faz-se tão grande e nasce com tanta força
que a vida não entenderia nunca
se o útero dos meus versos
não estivesse plantado num satélite
parabólico.
do nascimento à morte
continuarei errando
feito barco bêbado desancorado
à deriva...
inebriado de sabores tantos
corado, rubro sem tempo exato.
sílabas estranhas deslizarão
em notas diatonais.
não há centro para mim
mas piruetas indescritíveis
que passeiam entre mim e o mundo.
eu do mundo nada sei
de mim muito menos,
apenas o que jorra
faz-se tão grande e nasce com tanta força
que a vida não entenderia nunca
se o útero dos meus versos
não estivesse plantado num satélite
parabólico.
terça-feira, 13 de abril de 2010
dos sem nome.... 1
cheguei cedo para a festa. estava tão entorpecido que sequer notei o silêncio
das notas embriagadas de todos que estavam na sala.
tinha que estar ali, eu,
ainda que para constatar que de tão ocos
aqueles corações, nenhuma nova canção
ou antiga leitura faria uma mudança.
eram os mesmos, daqueles que me diziam que eu deveria ser mais social
mais amigo, mais integrado ao mundo.
porra, como eu poderia
se nem nada me diziam aquelas bocas?
outrora as coisas tinham um sentido mais pueril
mas eram vivas,
hoje nem posso caminhar sem meus discursos falidos
em busca de modelos menos medíocres.
não serei ouvido
tampouco lido.
serei eu então?
cheguei cedo para a festa
mas nem a cerveja, nem a cachaça conseguiram exibir minha alma.
a conversa? solidão e silêncio.
o quê tanto queremos festejar
se nem sabemos quem somos?
ofereçam-me mais então!
tragam-me uma droga eficaz
e eu também poderei festejar a estupidez
de não saber cantar.
saí cedo da festa
antes que me atirasse pela sacada do apartamento antigo
no centro da cidade que me pariu
e por suas ruas caminhando
vim dar na vila abandonada
onde o silêncio era apenas consequência das casas sem moradores,
hoje, coisa muito mais excitante para um jovem senhor.
quero mais. quero tudo
que seja ao mesmo tempo agora...
sem festas ou celebrações, estou só
como sempre quis.
e digo, apenas, se eu quiser dizer
como um poema de uma nota só:
estou morto!
das notas embriagadas de todos que estavam na sala.
tinha que estar ali, eu,
ainda que para constatar que de tão ocos
aqueles corações, nenhuma nova canção
ou antiga leitura faria uma mudança.
eram os mesmos, daqueles que me diziam que eu deveria ser mais social
mais amigo, mais integrado ao mundo.
porra, como eu poderia
se nem nada me diziam aquelas bocas?
outrora as coisas tinham um sentido mais pueril
mas eram vivas,
hoje nem posso caminhar sem meus discursos falidos
em busca de modelos menos medíocres.
não serei ouvido
tampouco lido.
serei eu então?
cheguei cedo para a festa
mas nem a cerveja, nem a cachaça conseguiram exibir minha alma.
a conversa? solidão e silêncio.
o quê tanto queremos festejar
se nem sabemos quem somos?
ofereçam-me mais então!
tragam-me uma droga eficaz
e eu também poderei festejar a estupidez
de não saber cantar.
saí cedo da festa
antes que me atirasse pela sacada do apartamento antigo
no centro da cidade que me pariu
e por suas ruas caminhando
vim dar na vila abandonada
onde o silêncio era apenas consequência das casas sem moradores,
hoje, coisa muito mais excitante para um jovem senhor.
quero mais. quero tudo
que seja ao mesmo tempo agora...
sem festas ou celebrações, estou só
como sempre quis.
e digo, apenas, se eu quiser dizer
como um poema de uma nota só:
estou morto!
sexta-feira, 19 de março de 2010
meus meninos e meninas
meus meninos e meninas que dormem com seus textos na cabeça
e todo o peso sobre os travesseiros,
não durmam. acordem.
o som do que ouvem, dito por mim, é menor.
não diz do mesmo jeito que os outros
por não conseguir dizer.
não apela. é o que aparenta ser.
quando sai de mim
é por não conseguir caber em si,
quer doa, quer grite, quer apenas diga.
eu ainda era menino
quando vi na prateleira de minha estante
na casa velha e pobre de minha mãe
'' O Guardador de Rebanhos ''.
mesmo não sabendo o que aquele homem queria dizer
eu já tinha claro em mim
que era poesia.
e talvez porque eu estivesse me tornando homem
naquele meio-de-caminho '' aborrescente''
tudo o que ele me disse nas páginas
eu sabia que um dia,
seria o que eu queria dizer,
dada a rebeldia expressa nas páginas que eu li.
hoje, quando vejo todos os meninos e meninas
que já nem sequer dormem com seus livros,
mas com suas máquinas informatizadas
choro por não saber o quanto eu deveria dizer mais.
para que talvez um dia,
com suas páginas marcadas
um poema viesse a fazer baderna em suas cabeças ocas
tais como a que eu, também, um dia tive.
não levem as letras destas canções
como verdades insuperáveis,
mas ouçam-nas como um único canto
de quem tanto canta
por não saber cantar.
e todo o peso sobre os travesseiros,
não durmam. acordem.
o som do que ouvem, dito por mim, é menor.
não diz do mesmo jeito que os outros
por não conseguir dizer.
não apela. é o que aparenta ser.
quando sai de mim
é por não conseguir caber em si,
quer doa, quer grite, quer apenas diga.
eu ainda era menino
quando vi na prateleira de minha estante
na casa velha e pobre de minha mãe
'' O Guardador de Rebanhos ''.
mesmo não sabendo o que aquele homem queria dizer
eu já tinha claro em mim
que era poesia.
e talvez porque eu estivesse me tornando homem
naquele meio-de-caminho '' aborrescente''
tudo o que ele me disse nas páginas
eu sabia que um dia,
seria o que eu queria dizer,
dada a rebeldia expressa nas páginas que eu li.
hoje, quando vejo todos os meninos e meninas
que já nem sequer dormem com seus livros,
mas com suas máquinas informatizadas
choro por não saber o quanto eu deveria dizer mais.
para que talvez um dia,
com suas páginas marcadas
um poema viesse a fazer baderna em suas cabeças ocas
tais como a que eu, também, um dia tive.
não levem as letras destas canções
como verdades insuperáveis,
mas ouçam-nas como um único canto
de quem tanto canta
por não saber cantar.
sexta-feira, 5 de março de 2010
contradição
eis-me o sol,
mega
claro areal
entre as nuvens,
portal divino-ateu.
os deuses estão mortos
e eu ainda sobrevivo.
eis-me a noite
cega
raro cristal
entre os homens
portal indigno.
eu estou morto
e os deuses ainda sobrevivem.
mortos e vivos habitarão o mundo
sempre, enquanto o mundo habitar o homem...
eis-me ninguém
cantando longe daqui.
mega
claro areal
entre as nuvens,
portal divino-ateu.
os deuses estão mortos
e eu ainda sobrevivo.
eis-me a noite
cega
raro cristal
entre os homens
portal indigno.
eu estou morto
e os deuses ainda sobrevivem.
mortos e vivos habitarão o mundo
sempre, enquanto o mundo habitar o homem...
eis-me ninguém
cantando longe daqui.
quinta-feira, 4 de março de 2010
CANTO PARA ALGUÉM
para quê?
para quem?
quem invadirá
as páginas do meu texto
procurando bagunças de gaveta?
efemérides
frases feitas
citações,
todos querem o mesmo, apenas
para encher as folhas de seus cadernos.
haverá um outro idioma por trás deste
como se fosse um código, dificultando o entendimento?
ou estamos fadados a uma cultura falida?
imagino que quem não tem ABC
nunca se importará com o que se quer dizer
nas linhas de todos os estilos,
menos ainda nestas.
mas então, enchamos suas panelas com o pão diário
e o circo se fará de outros jeitos,
povoemos suas escolas com ministros da cultura
e cancioneiros populares
ensinando-os a ouvir, a ver e a ler.
e se outras vezes penso
que, eu autor, escrevo para me livrar,
amadoristicamente
de um insconstância própria
quero que outros também o façam
lendo minhas tortuosas linhas.
antes que do nada, ou do tudo,
eu escreva para me livrar do próprio sentimento
e desse pagode que ele faz em mim, na minha cabeça.
que graça terá se eu não dividi-lo com o outro?
alguém que canta uma canção
canta para ser ouvido
mesmo que não cante sentido.
para quem?
quem invadirá
as páginas do meu texto
procurando bagunças de gaveta?
efemérides
frases feitas
citações,
todos querem o mesmo, apenas
para encher as folhas de seus cadernos.
haverá um outro idioma por trás deste
como se fosse um código, dificultando o entendimento?
ou estamos fadados a uma cultura falida?
imagino que quem não tem ABC
nunca se importará com o que se quer dizer
nas linhas de todos os estilos,
menos ainda nestas.
mas então, enchamos suas panelas com o pão diário
e o circo se fará de outros jeitos,
povoemos suas escolas com ministros da cultura
e cancioneiros populares
ensinando-os a ouvir, a ver e a ler.
e se outras vezes penso
que, eu autor, escrevo para me livrar,
amadoristicamente
de um insconstância própria
quero que outros também o façam
lendo minhas tortuosas linhas.
antes que do nada, ou do tudo,
eu escreva para me livrar do próprio sentimento
e desse pagode que ele faz em mim, na minha cabeça.
que graça terá se eu não dividi-lo com o outro?
alguém que canta uma canção
canta para ser ouvido
mesmo que não cante sentido.
NA TERCEIRA MARGEM
descendo o rio manso
onde o vento faz a curva
a canoa do jovem poeta
procura
a TERCEIRA MARGEM
do Rosa
na rosa das águas.
encontra-se com Deus
pois encontra-se com quem o criou, o homem.
e cora de vergonha por tê-lo encontrado.
a vida passou
a morte passou
o mundo passou.
o poeta passou
confortavelmente sentado
em meio aos seus versos amarelados
sem Deus.
não pode mais subir o rio
nem procurar o caminho de volta.
onde o vento faz a curva
a canoa do jovem poeta
procura
a TERCEIRA MARGEM
do Rosa
na rosa das águas.
encontra-se com Deus
pois encontra-se com quem o criou, o homem.
e cora de vergonha por tê-lo encontrado.
a vida passou
a morte passou
o mundo passou.
o poeta passou
confortavelmente sentado
em meio aos seus versos amarelados
sem Deus.
não pode mais subir o rio
nem procurar o caminho de volta.
O OCO
por um momento
minha voz
meu lamento,
a estrada molhada é longa
e tudo parece estar onde deveria.
por um instante
minha sílaba primordial
além dos pés cansados e descalços
absorvem a estrada.
eu sou tudo isso
nessa distância incalculável.
onde darei?
o carro ficou distante, abandonado,
agora estou a pé
com a palma dos pés no piche seco
meu silêncio grita
estica-se na faixa que divide a via,
o meu mundo e o outro.
ouço mais do que digo,
minha voz está morta.
eis a poesia, a que procuro
a solidão exata
o oco
e o nada.
minha voz
meu lamento,
a estrada molhada é longa
e tudo parece estar onde deveria.
por um instante
minha sílaba primordial
além dos pés cansados e descalços
absorvem a estrada.
eu sou tudo isso
nessa distância incalculável.
onde darei?
o carro ficou distante, abandonado,
agora estou a pé
com a palma dos pés no piche seco
meu silêncio grita
estica-se na faixa que divide a via,
o meu mundo e o outro.
ouço mais do que digo,
minha voz está morta.
eis a poesia, a que procuro
a solidão exata
o oco
e o nada.
quarta-feira, 3 de março de 2010
PROESIA POÉTICA
antes de mim
todos,
silêncio azulado
poemas mudos
e o mar inundando minha alma.
depois da aurora
ninguém
barulhos coloridos
textos falantes
e o sol queimando a moleira.
hoje,
uma única nota soando
em um doremifasollasido
diatonal
e João Gilberto
sem Astrude
ensinando-me a poesia,
a mesma que procurei por tanto....
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
NAU OFICINA
salve ó nave incandescente
barco que o asfalto navega
à vera,
nau indolente
rito de passagem
na era moderna.
aporta a avenida
onde o dinheiro é forte
e a velocidade é vida,
trazendo tripulação vertente
de gente de bom atuar
presente.
saudo sua proa
na boa arte do palco aberto
e certo do que amo
flexiono meus joelhos
aos seus olhos derradeiros,
deus de tudo,
mais da vida e do teatro.
num último ato
enceno-me nu
entre as portas do ateu palácio seu,
oficina
uzyna
uzona.
barco que o asfalto navega
à vera,
nau indolente
rito de passagem
na era moderna.
aporta a avenida
onde o dinheiro é forte
e a velocidade é vida,
trazendo tripulação vertente
de gente de bom atuar
presente.
saudo sua proa
na boa arte do palco aberto
e certo do que amo
flexiono meus joelhos
aos seus olhos derradeiros,
deus de tudo,
mais da vida e do teatro.
num último ato
enceno-me nu
entre as portas do ateu palácio seu,
oficina
uzyna
uzona.
domingo, 31 de janeiro de 2010
RECUSA
o que será certo? envelhecer passivamente como Dona Glória Santiago
e tantas outras matronas e mulheres do mundo?
ou como os assalariados que esperam só o dia da féria?
me recuso.
sei que serei um dia, o plácido senhor
ou o rabujento velho,
mas creio que ficar sentado '' esperando a morte chegar ''
é coisa de personagem clássico que não muda,
não trasmuta...
prefiro me imaginar como Genet
passeando pela ponte Neuf
procurando...
menos que Mishima e sua vigorexia,
ou talvez como Caio Fernando
meio Clarice de calças...
meio dragão guerreiro.
envelhecer como um menino que não o quer
mas com a astúcia de um sábio indolente,
que sofre com a ausência do diálogo
cada dia mais presente na boca dos ''politicamente corretos ''
em detrimento dos alienados, cada vez mais...ou cada vez menos...
envelhecer odiando o bom senso
os bons modos
a ética falível
e os domingos na tevê.
viva a neurose poética instalada aqui,
nas páginas desse blogue esquecido.
e tantas outras matronas e mulheres do mundo?
ou como os assalariados que esperam só o dia da féria?
me recuso.
sei que serei um dia, o plácido senhor
ou o rabujento velho,
mas creio que ficar sentado '' esperando a morte chegar ''
é coisa de personagem clássico que não muda,
não trasmuta...
prefiro me imaginar como Genet
passeando pela ponte Neuf
procurando...
menos que Mishima e sua vigorexia,
ou talvez como Caio Fernando
meio Clarice de calças...
meio dragão guerreiro.
envelhecer como um menino que não o quer
mas com a astúcia de um sábio indolente,
que sofre com a ausência do diálogo
cada dia mais presente na boca dos ''politicamente corretos ''
em detrimento dos alienados, cada vez mais...ou cada vez menos...
envelhecer odiando o bom senso
os bons modos
a ética falível
e os domingos na tevê.
viva a neurose poética instalada aqui,
nas páginas desse blogue esquecido.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
narciso e dioniso
continuei por muito
minha caminhada pela noite.
cada espaço, mílimetro de calçada
cada cheiro
cada rosto, continuaram por si.
eram outros tempos,
os de enfrentamento
de reivindicação
de guerras frias.
ninguém sabia exatamente o que queria,
mas o que já não suportava.
e confesso
que sempre esperei uma nova revolução.
mas todos os guetos são guetos solitários
não há um conjunto que queira para todos.
Narciso ainda é um deus presente.
Dioniso é utopia.
quando vejo os espelhos quebrados
nas vitrines da noite
vejo também todos os narcisos agonizando
ao redor deles.
e confesso
que nunca haverá revolução.
e os guetos
que um dia foram lindas manifestações,
hoje são só guetos.
outrora eram os homens
hoje são baixos ruídos surdos
ecoando fracos
sob a garoa fina da minha cidade.
cavaleiros lindos
cavalgando ondas imaginárias
mas, sem nada além de ondas.
depois do sinal de igual, continua o menos zero.
a equação não conseguiu achar o resultado inteiro.
continuarei por muito, ainda.
enquanto possa caminhar.
mas meus versos terão morrido
antes que os espelhos estejam todos quebrados.
minha caminhada pela noite.
cada espaço, mílimetro de calçada
cada cheiro
cada rosto, continuaram por si.
eram outros tempos,
os de enfrentamento
de reivindicação
de guerras frias.
ninguém sabia exatamente o que queria,
mas o que já não suportava.
e confesso
que sempre esperei uma nova revolução.
mas todos os guetos são guetos solitários
não há um conjunto que queira para todos.
Narciso ainda é um deus presente.
Dioniso é utopia.
quando vejo os espelhos quebrados
nas vitrines da noite
vejo também todos os narcisos agonizando
ao redor deles.
e confesso
que nunca haverá revolução.
e os guetos
que um dia foram lindas manifestações,
hoje são só guetos.
outrora eram os homens
hoje são baixos ruídos surdos
ecoando fracos
sob a garoa fina da minha cidade.
cavaleiros lindos
cavalgando ondas imaginárias
mas, sem nada além de ondas.
depois do sinal de igual, continua o menos zero.
a equação não conseguiu achar o resultado inteiro.
continuarei por muito, ainda.
enquanto possa caminhar.
mas meus versos terão morrido
antes que os espelhos estejam todos quebrados.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
noir
sem mim. de mim.
para sempre estranho.
meu idioma não mais traduz
as nervuras dos meus sentidos.
a palavra procura o esporro
o grito
o esculacho
o meu opaco silêncio,
a necessidade de dizer-se.
mas há tantas nuvens.
quem me lerá?
noir.
de onde virão meus sonhos agora?
eis-me
no que é dito para sempre.
realmente noir.
a novela inacabada
o vídeo-vanguarda
o espetáculo-experimento.
mas os sentimentos
as descrições
e os quintais onde vivem
todos em descomum acordo
serão sempre os mesmos.
noir.
o dizer no ar.
para sempre estranho.
meu idioma não mais traduz
as nervuras dos meus sentidos.
a palavra procura o esporro
o grito
o esculacho
o meu opaco silêncio,
a necessidade de dizer-se.
mas há tantas nuvens.
quem me lerá?
noir.
de onde virão meus sonhos agora?
eis-me
no que é dito para sempre.
realmente noir.
a novela inacabada
o vídeo-vanguarda
o espetáculo-experimento.
mas os sentimentos
as descrições
e os quintais onde vivem
todos em descomum acordo
serão sempre os mesmos.
noir.
o dizer no ar.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
desperto
indo ao ar.
a brisa expira sobre meus olhos.
é gigante a sensação de paz.
atrás de mim
uma multidão de mim mesmo,
os outros tantos eus despertados
sabem que é hora de levantar
há um maior barato que viver?
o sol já teimou em invadir minhas cortinas.
já fui ao ar.
agora irei ao sol.
ai de mim
e de todas as manhãs
que nunca serão iguais.
a brisa expira sobre meus olhos.
é gigante a sensação de paz.
atrás de mim
uma multidão de mim mesmo,
os outros tantos eus despertados
sabem que é hora de levantar
há um maior barato que viver?
o sol já teimou em invadir minhas cortinas.
já fui ao ar.
agora irei ao sol.
ai de mim
e de todas as manhãs
que nunca serão iguais.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
SOLDADO MODERNO
agora, soldados turbinados
falo up invadem a noite...
é noite de sábado.
saudade dos homens de verdade,
enquanto penso na minha artificialidade.
sou eu.
amanhã
os mesmos soldados não saíram de casa
antes que o sino eletrônico marque dezoito horas.
saudade de Deus,
o ausente que eu nunca conheci.
somos nós que os espiamos.
quando eu encontro os soldados modernos
na noite entre luzes
nem sei com quem me pareço.
durmo cedo, agonizo diante da tevê
como pouco, nem quero beber...
tenho sede de novidades
de almas expostas
de personagens vivos
de palcos verdadeiros.
de atores.
os soldados são como uma mentira vazia,
besta e sem nada por dentro.
porque as boas mentiras são sólidas
e se fazem melhor.
são como os atores vazios nos palcos vazios
e vazios em silêncio.
gozam para morrer.
vivem para gozar.
mas estão mortos há muito.
meu deus, para quem dizer
que eu, soldado vazio, preciso tanto de espelhos?
falo up invadem a noite...
é noite de sábado.
saudade dos homens de verdade,
enquanto penso na minha artificialidade.
sou eu.
amanhã
os mesmos soldados não saíram de casa
antes que o sino eletrônico marque dezoito horas.
saudade de Deus,
o ausente que eu nunca conheci.
somos nós que os espiamos.
quando eu encontro os soldados modernos
na noite entre luzes
nem sei com quem me pareço.
durmo cedo, agonizo diante da tevê
como pouco, nem quero beber...
tenho sede de novidades
de almas expostas
de personagens vivos
de palcos verdadeiros.
de atores.
os soldados são como uma mentira vazia,
besta e sem nada por dentro.
porque as boas mentiras são sólidas
e se fazem melhor.
são como os atores vazios nos palcos vazios
e vazios em silêncio.
gozam para morrer.
vivem para gozar.
mas estão mortos há muito.
meu deus, para quem dizer
que eu, soldado vazio, preciso tanto de espelhos?
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