meus meninos e meninas que dormem com seus textos na cabeça
e todo o peso sobre os travesseiros,
não durmam. acordem.
o som do que ouvem, dito por mim, é menor.
não diz do mesmo jeito que os outros
por não conseguir dizer.
não apela. é o que aparenta ser.
quando sai de mim
é por não conseguir caber em si,
quer doa, quer grite, quer apenas diga.
eu ainda era menino
quando vi na prateleira de minha estante
na casa velha e pobre de minha mãe
'' O Guardador de Rebanhos ''.
mesmo não sabendo o que aquele homem queria dizer
eu já tinha claro em mim
que era poesia.
e talvez porque eu estivesse me tornando homem
naquele meio-de-caminho '' aborrescente''
tudo o que ele me disse nas páginas
eu sabia que um dia,
seria o que eu queria dizer,
dada a rebeldia expressa nas páginas que eu li.
hoje, quando vejo todos os meninos e meninas
que já nem sequer dormem com seus livros,
mas com suas máquinas informatizadas
choro por não saber o quanto eu deveria dizer mais.
para que talvez um dia,
com suas páginas marcadas
um poema viesse a fazer baderna em suas cabeças ocas
tais como a que eu, também, um dia tive.
não levem as letras destas canções
como verdades insuperáveis,
mas ouçam-nas como um único canto
de quem tanto canta
por não saber cantar.
É preciso mais que uma simples canção.É preciso sangue, suor e muita cerveja.
sexta-feira, 19 de março de 2010
sexta-feira, 5 de março de 2010
contradição
eis-me o sol,
mega
claro areal
entre as nuvens,
portal divino-ateu.
os deuses estão mortos
e eu ainda sobrevivo.
eis-me a noite
cega
raro cristal
entre os homens
portal indigno.
eu estou morto
e os deuses ainda sobrevivem.
mortos e vivos habitarão o mundo
sempre, enquanto o mundo habitar o homem...
eis-me ninguém
cantando longe daqui.
mega
claro areal
entre as nuvens,
portal divino-ateu.
os deuses estão mortos
e eu ainda sobrevivo.
eis-me a noite
cega
raro cristal
entre os homens
portal indigno.
eu estou morto
e os deuses ainda sobrevivem.
mortos e vivos habitarão o mundo
sempre, enquanto o mundo habitar o homem...
eis-me ninguém
cantando longe daqui.
quinta-feira, 4 de março de 2010
CANTO PARA ALGUÉM
para quê?
para quem?
quem invadirá
as páginas do meu texto
procurando bagunças de gaveta?
efemérides
frases feitas
citações,
todos querem o mesmo, apenas
para encher as folhas de seus cadernos.
haverá um outro idioma por trás deste
como se fosse um código, dificultando o entendimento?
ou estamos fadados a uma cultura falida?
imagino que quem não tem ABC
nunca se importará com o que se quer dizer
nas linhas de todos os estilos,
menos ainda nestas.
mas então, enchamos suas panelas com o pão diário
e o circo se fará de outros jeitos,
povoemos suas escolas com ministros da cultura
e cancioneiros populares
ensinando-os a ouvir, a ver e a ler.
e se outras vezes penso
que, eu autor, escrevo para me livrar,
amadoristicamente
de um insconstância própria
quero que outros também o façam
lendo minhas tortuosas linhas.
antes que do nada, ou do tudo,
eu escreva para me livrar do próprio sentimento
e desse pagode que ele faz em mim, na minha cabeça.
que graça terá se eu não dividi-lo com o outro?
alguém que canta uma canção
canta para ser ouvido
mesmo que não cante sentido.
para quem?
quem invadirá
as páginas do meu texto
procurando bagunças de gaveta?
efemérides
frases feitas
citações,
todos querem o mesmo, apenas
para encher as folhas de seus cadernos.
haverá um outro idioma por trás deste
como se fosse um código, dificultando o entendimento?
ou estamos fadados a uma cultura falida?
imagino que quem não tem ABC
nunca se importará com o que se quer dizer
nas linhas de todos os estilos,
menos ainda nestas.
mas então, enchamos suas panelas com o pão diário
e o circo se fará de outros jeitos,
povoemos suas escolas com ministros da cultura
e cancioneiros populares
ensinando-os a ouvir, a ver e a ler.
e se outras vezes penso
que, eu autor, escrevo para me livrar,
amadoristicamente
de um insconstância própria
quero que outros também o façam
lendo minhas tortuosas linhas.
antes que do nada, ou do tudo,
eu escreva para me livrar do próprio sentimento
e desse pagode que ele faz em mim, na minha cabeça.
que graça terá se eu não dividi-lo com o outro?
alguém que canta uma canção
canta para ser ouvido
mesmo que não cante sentido.
NA TERCEIRA MARGEM
descendo o rio manso
onde o vento faz a curva
a canoa do jovem poeta
procura
a TERCEIRA MARGEM
do Rosa
na rosa das águas.
encontra-se com Deus
pois encontra-se com quem o criou, o homem.
e cora de vergonha por tê-lo encontrado.
a vida passou
a morte passou
o mundo passou.
o poeta passou
confortavelmente sentado
em meio aos seus versos amarelados
sem Deus.
não pode mais subir o rio
nem procurar o caminho de volta.
onde o vento faz a curva
a canoa do jovem poeta
procura
a TERCEIRA MARGEM
do Rosa
na rosa das águas.
encontra-se com Deus
pois encontra-se com quem o criou, o homem.
e cora de vergonha por tê-lo encontrado.
a vida passou
a morte passou
o mundo passou.
o poeta passou
confortavelmente sentado
em meio aos seus versos amarelados
sem Deus.
não pode mais subir o rio
nem procurar o caminho de volta.
O OCO
por um momento
minha voz
meu lamento,
a estrada molhada é longa
e tudo parece estar onde deveria.
por um instante
minha sílaba primordial
além dos pés cansados e descalços
absorvem a estrada.
eu sou tudo isso
nessa distância incalculável.
onde darei?
o carro ficou distante, abandonado,
agora estou a pé
com a palma dos pés no piche seco
meu silêncio grita
estica-se na faixa que divide a via,
o meu mundo e o outro.
ouço mais do que digo,
minha voz está morta.
eis a poesia, a que procuro
a solidão exata
o oco
e o nada.
minha voz
meu lamento,
a estrada molhada é longa
e tudo parece estar onde deveria.
por um instante
minha sílaba primordial
além dos pés cansados e descalços
absorvem a estrada.
eu sou tudo isso
nessa distância incalculável.
onde darei?
o carro ficou distante, abandonado,
agora estou a pé
com a palma dos pés no piche seco
meu silêncio grita
estica-se na faixa que divide a via,
o meu mundo e o outro.
ouço mais do que digo,
minha voz está morta.
eis a poesia, a que procuro
a solidão exata
o oco
e o nada.
quarta-feira, 3 de março de 2010
PROESIA POÉTICA
antes de mim
todos,
silêncio azulado
poemas mudos
e o mar inundando minha alma.
depois da aurora
ninguém
barulhos coloridos
textos falantes
e o sol queimando a moleira.
hoje,
uma única nota soando
em um doremifasollasido
diatonal
e João Gilberto
sem Astrude
ensinando-me a poesia,
a mesma que procurei por tanto....
Assinar:
Postagens (Atom)