quinta-feira, 4 de março de 2010

O OCO

por um momento
minha voz
meu lamento,
a estrada molhada é longa
e tudo parece estar onde deveria.
por um instante
minha sílaba primordial
além dos pés cansados e descalços
absorvem a estrada.
eu sou tudo isso
nessa distância incalculável.
onde darei?
o carro ficou distante, abandonado,
agora estou a pé
com a palma dos pés no piche seco
meu silêncio grita
estica-se na faixa que divide a via,
o meu mundo e  o outro.

ouço mais do que digo,
minha voz está morta.
eis a poesia, a que procuro
a solidão exata
o oco
e o nada.

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