para quê?
para quem?
quem invadirá
as páginas do meu texto
procurando bagunças de gaveta?
efemérides
frases feitas
citações,
todos querem o mesmo, apenas
para encher as folhas de seus cadernos.
haverá um outro idioma por trás deste
como se fosse um código, dificultando o entendimento?
ou estamos fadados a uma cultura falida?
imagino que quem não tem ABC
nunca se importará com o que se quer dizer
nas linhas de todos os estilos,
menos ainda nestas.
mas então, enchamos suas panelas com o pão diário
e o circo se fará de outros jeitos,
povoemos suas escolas com ministros da cultura
e cancioneiros populares
ensinando-os a ouvir, a ver e a ler.
e se outras vezes penso
que, eu autor, escrevo para me livrar,
amadoristicamente
de um insconstância própria
quero que outros também o façam
lendo minhas tortuosas linhas.
antes que do nada, ou do tudo,
eu escreva para me livrar do próprio sentimento
e desse pagode que ele faz em mim, na minha cabeça.
que graça terá se eu não dividi-lo com o outro?
alguém que canta uma canção
canta para ser ouvido
mesmo que não cante sentido.
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