sem mim. de mim.
para sempre estranho.
meu idioma não mais traduz
as nervuras dos meus sentidos.
a palavra procura o esporro
o grito
o esculacho
o meu opaco silêncio,
a necessidade de dizer-se.
mas há tantas nuvens.
quem me lerá?
noir.
de onde virão meus sonhos agora?
eis-me
no que é dito para sempre.
realmente noir.
a novela inacabada
o vídeo-vanguarda
o espetáculo-experimento.
mas os sentimentos
as descrições
e os quintais onde vivem
todos em descomum acordo
serão sempre os mesmos.
noir.
o dizer no ar.
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