terça-feira, 26 de janeiro de 2010

SOLDADO MODERNO

agora, soldados turbinados
falo up invadem a noite...
é noite de sábado.
saudade dos homens de verdade,
enquanto penso na minha artificialidade.
sou eu.

amanhã
os mesmos soldados não saíram de casa
antes que o sino eletrônico marque dezoito horas.
saudade de Deus,
o ausente que eu nunca conheci.
somos nós que os espiamos.

quando eu encontro os soldados modernos
na noite entre luzes
nem sei com quem me pareço.
durmo cedo, agonizo diante da tevê
como pouco, nem quero beber...
tenho sede de novidades
de almas expostas
de personagens vivos
de palcos verdadeiros.
de atores.

os soldados são como uma mentira vazia,
besta e sem nada por dentro.
porque as boas mentiras são sólidas
e se fazem melhor.
são como os atores vazios nos palcos vazios
e vazios em silêncio.
gozam para morrer.
vivem para gozar.
mas estão mortos há muito.

meu deus, para quem dizer
que eu, soldado vazio, preciso tanto de espelhos?

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