segunda-feira, 14 de setembro de 2009

com licença

com licença. estou entrando.
meu nome não é Pablo Neruda.
não vou pedir licença. eis-me aqui.
o que sou não importa,
se poeta, muito bem,
se homem, nem tanto,
se eu mesmo, muito melhor.
abro minhas palavras
como se abrisse a massa de um pão, sobre a mesa,
meticulosamente, mas sem técnica aparente.

o que eu ofereço? nem sei.
um pouco de mim.
mim, porquê eu, não importa.

na minha sala
estão expostos meus poemas
sobre o chão,
deito-me todos os dias sobre eles
esperando que me entendam.

sirva-se de um bom café
puxe uma cadeira e vamos conversar.
ou talvez, deite-se sobre eles também,
com todos os buracos de seu rosto:
boca para engolir,
ouvidos para ouvir
olhos para ver
e o buraco da cabeça onde mora a alma,
para sentir.

eis a minha poesia. meu diálogo com o mundo.

a poesia tem que ser diálogo.
a poesia tem que ser o que é.

hoje eu digo: sou eu. sou mim.
eis-me aqui.

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