sexta-feira, 25 de setembro de 2009

cusparada

(ABAPORU, Tarsila do Amaral 1928)



tudo está para um.
para sempre onde o que se faça.
nunca é nada. nada é para sempre.

tijolos são barro
barro são tijolos.

casas são lares e lares não são casas.
casas são coisas e coisas são tudo.
tudo o que ainda vai passar é coisa.

do lado de dentro dos olhos
capto cismado a mínima linha
que ao acaso se mistura com a palavra.

a mente espreita o que quer
lhe interessa apenas o prazer,
as dores ficam nas gavetas.

tudo está para mim
porque nós somos eu
distantes de tu
para além de vós.

o espelho está quebrado.

grito
mastigo os cacos
expresso os ocos.

sou o homem que come ismos.

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