terça-feira, 8 de setembro de 2009

dialética

Ontem vi apenas lágrimas passionais
Nos olhos de uma jovem poeta.
Os versos apenas pingavam, e eram
Afirmações no coração de uma adolescente
Que julgava ser poesia
Chorar pelo amor perdido
Vangloriar a alegria falsa.
E ter o medo mais desesperado da morte.

Pensei nos poetas que o são por si mesmos
E em tudo que escrevo e exponho no papel,
Eu que nem sei se o sou.

Um sentimento vazio e rancoroso habitou-me.
Ora,
A alegria é importante
A tristeza é importante
A vida é imprescindível
E a morte é certeza.
O que acontece entre-atos
É o melhor.

Por quê encher de lágrimas
Versos que deveriam apenas ser versos?
E de alegria, palavras que seriam alegres sempre.
Entre-atos, o sensato é viver.

A poesia deveria ser apenas poesia,
Carne da carne como ela é.
E se não fosse, para quê sê-la,
Criticá-la, entendê-la ou admiti-la?
Mesmo que eu crie versos
E ainda chore ou cante de felicidade,
Tenha medo da morte
ou sofra o amor perdido,
O fato do sol nascer mais cedo
É apenas por uma questão de situação sazonal.
Se a chuva cair, efeito meteorológico.
A morte acontecer, necessidade
- no mundo não caberiam tantos.

Entre-atos tudo sempre será.
E a existência é apenas uma serpente,
O oito, o infinito começar-terminar-recomeçar.

Entre-atos, poesia é achar-se no palco,
Ser parte dele.

Mas quantas vezes eu neguei tudo o que questionei agora?

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