domingo, 13 de setembro de 2009

da janela

vendo quando você se manifesta na rua em frente a minha janela
 tento entender tudo que é seu.
o histerismo, a  raiva, as lágrimas, o riso amargo e os seus demônios manifestados,
na madrugada.
deus, como somos parecidos!

eu sei.

eu sei que a culpa é dela.
 a cidade é cruel conosco.
a vida é  impiedosa.
os homens, cruéis e impiedosos.

deste balcão onde atuo com meu improviso
gravito ao seu redor, enxergo o seu choro. choro com você.
bebo com você. sinto fome.
somos protagonistas do mesmo espetáculo patético.
e todo o resto em nossa órbita.

sempre de madrugada
os seus barulhos  invadem o meu quarto.
sento-me na cama assustado, por um instante.
depois me acalmo quando lembro que são seus.
abro a janela e passo a fazer-lhe réplica,
dividir o palco com você.
e quando você se cansa eu também vou dormir.
demoro a pegar no sono.
e na manhã seguinte a primeira coisa que quero ver
é  o que está dentro do seu olhar,
 a doçura, e o lirismo insane pousados em sua retina suja.
suja de poluição, de nós, de cidade, de gente e de solidão.
e penso '' o que há de tão incomum entre nós?''
sinto que sou tanto quanto você.
ou tão quanto,
gratuitamente.

o sol me diz que  estou enlouquecendo.
a diferença é que sinto mais pois estou consciente.
não quero mais o '' ter que ''.

você acorda, se levanta da calçada.
eu disfarço e vou embora.
o dia me espera. até mais tarde.
logo estaremos juntos.

você volta?

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