domingo, 27 de setembro de 2009

eis

de fato o que é certo é que estou o tempo todo dentro de tudo,
como um animal que compõe a cadeia alimentar
engolindo e sendo engolido. o leão que ruge
a iena que ri. o gavião que caça.
o peixe que nada. o homem que existe.

o suposto ser decente que existe em mim
não me faz superior ao assassino. nem inferior.
talvez também eu o fosse, se...
momentos que variam em discordância concordante.

se um galo tece a manhã
estou nela,
se o sol clareia e ilumina
sou iluminado,
se as nuvens espessas escurecem o dia
sou a treva.

e assim se faz a magia sempre comigo ou sem mim,
invariavelmente.

egoísmo pensar que sou o único que sofre
o verdadeiro que diz
o especial que profere palavras escritas
o ator único,
o poeta inventor
ou o homem que tudo nega por ser o grande sabedor.
...

tudo está ou é ou transcende
ou passa ou fica ou rola
ou nada.
independe de mim.

mas faço parte de tudo.
de tudo o que é presente ou ausente.

assim, criei meus códigos
como todos os outros criaram ou criarão
porventura um dia.

apenas uma coisa faz com que eu acredite que sou único,
a despeito de não sê-lo também:
meu coito é meu.

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