domingo, 16 de agosto de 2009

madrugada

(ilustração:Mr.B -www.homographix.com)





ainda continuo a minha busca,
talvez em algum momento de maneira inconsciente.
não sei o quê busco, apenas o que não desejo.

meu discurso é o do ator perdido diante de tudo.
discurso mudo, nulo.

se eu é apenas um pretexto, que seja nós, então.
assim...

poderíamos pensar que as coisas serão melhores
e que os passos iniciados com os pensantes nos levariam ao entendimento.

mas, conhecer para quê?
a alma nem sempre cabe num pensamento expresso
de vez em quando é vômito, choro, solidão e inferno.
sentimentos e sensações que nem o diabo católico pode explicar
nem o cristo bizantino
nem os domadores-de-almas de plantão
tampouco os filósofos historiadores ou os antropólogos da miséria
entendedores profundos da barbárie.

coisas melhores? dias melhores?
sejamos românticos e ingênuos... esperando,
pois o melhor nunca virá.

são novas as guerras.
e como se trata de um grito pessoal,
volto a ser eu:
grito. careço de um linimento.
não sou ouvido. não somos.
as pessoas em busca de milagres rezam e me cobram por meus pecados
mas pecam ao pleitear apenas a salvação de suas almas religiosas.
e como os senhores do poder, os religiosos agora querem só para si
e nem ao menos abrem suas janelas para contemplar
enquanto as cidades agonizam de fome
e os homens sofrem de ignorância via-satélite.

mas os discursos continuam inflamados.

não adianta
os pobres sempre quiseram apenas a riqueza
e os ricos serão sempre ricos.

à margem, se eu fosse um pensador diria mais,
mas sou apenas um ator, intérprete sufocado
esticando meu grito.

se continuo incessante a minha busca
tanto quanto os outros estou condenado a ser só
como um homem comun...
'' qualquer um''.

Um comentário:

  1. É interessante como a tropicália deixou marcas profundas e interessantemente maravilhosas na produção artística brasileira.
    Eu faço parte de um dos segmentos influenciados.

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