sábado, 22 de agosto de 2009

imperativo

confessa ao acaso os teus pecados tolos
teus ritos profanos e teus coitos
tua vida pregressa e teus prazeres.
há ainda algo a festejar.

confessa-te e contempla a tua imagem no espelho
e verás que nunca celebraste tua vida, na dos outros.
professa teu altruísmo falho
teus versos messiânicos e tua alienação diante do real,
teu mundo moderno e teu feijão com arroz.

alinha teus sentimentos aos olhos do mundo
e teu egoísmo filosófico.
tuas regras estão mortas - pelo menos na alma -,
e choram seu fim sob o sol
que ilumina generoso a tua casa.

anda,
põe-te a dizer o quanto erraste e toda a tua culpa burguesa
mas admita que tua carne envelhece tardiamente
enquanto teu espírito já se foi.
lembra-te que o melhor que fizeste foram só teus coitos verdadeiros,
e quando celebrares o '' enterro de tua última quimera ''
tuas lágrimas não serão pelos que ficaram,
mas para ganhar de teu deus a redenção epifânica do verbo,
escrito feito homem.

tua culpa que te enterre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário