quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CIDADE ...aqui vivo e morro todos os dias

mata-me em teus quintais, cidade apodrecida de tão linda
que depois meu canto será desfeito no escuro
em teus açougues humanos
cheirando a pernas e braços lisos
ou peitos sólidos e corações cheios de imagens.
teus meninos, cada vez mais feios
todos criados no sétimo dia
roçam felizes seus paus em outros paus, as vezes postes
enquanto outros paus e algumas bocetas, as vezes, os esperam.

mata-me
água-me
desata a tranca entre minhas pernas,
longa cidade que me estupra
alta
obesa pedra, ora mórbida, ora linda construção.

ficarei três dias morto
sob as lágrimas das carpideiras
mas se tiver que ressurgir no quarto
que seja em cama macia.

mata-me antes de morrer completamente
e que seja depois do inverno, antes que eu me canse.
cantarei os teus subterrâneos sob a noite e a garoa fria
se me deixares cantar antes de minha morte.

eu sei que há muito, um anjo me espera nas esquinas de tuas vias.

tua circulação já não me vaza mais.

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