sexta-feira, 14 de agosto de 2009

anjo urbano

me confundo com as linhas arquitetônicas da cidade fria,
entre os corpos retos, frios como aquelas linhas
e as vozes dos automóveis pedindo passagem.
procuro nos homens, nas mulheres e nos meninos
as curvas necessárias para destoar do resto.

a passos perdidos descrevo uma caminhada que vaza do peito.
gosto de andar nela sem ter destino.

sorrio falso, arranco beijos forçados nas ruas
mas os homens, as mulheres e os meninos continuam feios, frios e retos
e confundem-se com as vozes irritantes dos automóveis
sem que peçam passagem.

em cada esquina um filme.
em cada esquina um anjo admirando a destruição natural da vida
e lendo um trecho de seu apocalipse pessoal.

tanta coisa ainda por fazer...

e todos os anjos querem me conduzir ao seu paraíso pessoal
na terra-prometida-reta que criamos.

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