terça-feira, 13 de outubro de 2009

mais um relato na cidade em que nasci

o andarilho que passeia sob a lua
canta sorridente e impassível,
aprende mais que ensina
raciocínio miserável
descortina-se a canção.

a luz que lambe sua face
varre o universo,
não é dor o que sente
mas o carinho da seda sobre a pele
na noite que corre calma.

na avenida suja, cora de felicidade
sem saber o valor do sorriso que estampa,
despe-se não para o amor mas para a guerra.
a cidade o devora, as pessoas o devoram.
a carne sucumbe ao som dos automóveis na garoa.

chove calma a chuva descortinando a lua.

tudo parece igual ao que era antes
e a lua continuará até o mar, a chuva também,
enquanto o andarilho estiver altivo
seguirá procurando o equilíbrio necessário para a vida
pleno pelos quintais do mundo
e tudo será como sempre foi.

o que dirá ao mundo o andarilho
se perguntarem
sobre sua nudez, sua insanidade,
a lua e a garoa fina?

nada. nada precisa ser dito
tudo está.

Nenhum comentário:

Postar um comentário