sexta-feira, 20 de novembro de 2009

crucificado

nem me importa agora o que disse Carlos,
vem como vem, esse expurgo absurdo
com as cascas de uma ferida exposta
na bosta de vida segura da cidade grande...
com asco e com nojo
outro mais que eu mesmo.
porra, quero viver.
lágrimas filosóficas
intelectuais teóricos
idiotas identificados,
eis a poesia de hoje
crônica, doentia,
branca, preta, azul
clara escura pele.

nem tem lógica eu sei.
que se fodam os racionais.

estou pendurado no poste apagado
pelado ao sol
apedrejado pelo ódio
pela ira
pelo desdem humano.
estou sangrando
e o sangue que escorre desce aos subterrâneos
beirando a calçada suja.

negro, doente
sózinho...
ator, escritor
sem normas ou regras.

eu odeio gente burra
odeio os livros
odeio os homens,
amando-os.

mas meu último suspiro
já foi dado há muito.

ai que merda.

atirem pedras, paus e tijolos
massacrem o seu semelhante
faminto.

executem a pena
porque os juízes de plantão
já o fizeram.

viva a morte.

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